faz tempo que eu não apareço aqui

Não é raro eu reclamar que a vida anda parada, só que agora eu assisto minha vida mudar o tempo todo. Parece que o destino me empurra para frente e tira do meu caminho tudo o que não faz sentido, hum... é fácil falar assim, parece que eu não tenho responsabilidade sobre a minha vida atual, e eu tenho até demais, tem hora que eu realmente aceito que o que não está na minha vida fui eu que tirei.

Eu reclamo que certas pessoas me rejeitam, mas fui eu que rejeitei elas primeiro, fui eu que decidi que não tinha condições de manter aqueles relacionamentos, pelo menos daquele jeito. E tirando a mágoa que eu sinto dessas pessoas, eu to bem: o mundo desmorona a minha volta, mas eu to bem. To me livrando de monte de coisas que não fazem o menor sentido, sendo mais clara ainda, to me livrando de tudo o que me deixava uma pessoa difícil de lidar. As pessoas que me conhecem não percebem, mas eu me acho uma pessoa melhor, e, na maior parte do tempo, isso me basta. 

Minha maior mágoa é essa, se eu pudesse, pediria desculpas para algumas pessoas e também as perdoaria, mas, não, eu tenho que lidar com gente que sai quando eu chego. Antigamente eu até tinha uma tendência a me divertir com o incomodo que minha presença causa, mas ando cansada disso também. Minha postura atual é: "foda-se, vou cuidar da minha vida" e no momento não vejo outra coisa que eu possa fazer. 

Tudo isso tá bem explicito, né? Bem, eu realmente não tenho nada a esconder sobre o assunto, e se os interessados me procurassem, é o que eu diria pra eles, então vai ficar assim.

Gostar dos outros é um caminho sem volta

Um dia vocês poderão acordar como eu e querer sumir por uns dias, ou morar em outro lugar e arranjar novos amigos, mas vocês não conseguirão sentir isso tantas vezes. O problema não é com vocês, sou eu que tenho uma facilidade para me sentir rejeitada que só conheço um caso pior (melhor não entrar no mérito). Tem dia que eu até tomo coragem de reiniciar a minha vida, mas eu esbarro com o título: gostar dos outros é um caminho sem volta (se nem a Lacuna Inc. conseguiu apagar uma pessoa, imagina se eu vou ter sucesso).

Você conhece alguém, essa pessoa entra na de vez na sua vida, faz você gostar dela e aí fodeu. Você passa a amar a pessoa mesmo ela sendo carente demais e enviando emails dramáticos, mesmo achando que demonstrações de afeto são óbvias, mesmo fazendo piadas chatas em momentos inoportunos, mesmo elas tentando ser o centro das atenções o tempo todo.

Tem gente que fala, "ah, mas você começa a gostar dos defeitos da pessoa". Mentira. Em todas as pessoas que eu amo há uma determinada coisa que eu odeio, mas que sou obrigada a aturar por que, afinal das contas, ninguém é simples e facinho (nem as bonecas infláveis, pelo o que eu vi no filme de ontem) e eu amo aqueles FDPs.

Então amiguinhos do meu coração (e namorado) eu amo vocês, mesmo quando eu quero trancar todos num bunker e jogar a chave fora.

=*

A batalha de dois perfumes, sendo que eu vou comprar nenhum

Estou morrendo de vontade de comprar um perfume, só por que ele está na promoção. Mas não é somente um ímpeto consumista, é um perfume que eu sempre quis ter.  

Eu tenho um interesse especial por perfumes antigos, de preferência aqueles que as pessoas normalmente não querem usar, tipo Loulou, Samsara, Poison. Ou seja, eu gosto de fragrância que dá dor de cabeça as pessoas comuns. 

Há alguns meses atrás, eu vi o Secret Obssession pra vender em um site estrangeiro (vulgo, morangão). Estava muito barato, tipo preço de Boticário, e eu pensei em arriscar. Mas não é prudente comprar perfume sem sentir o cheiro e ainda não o encontrei aqui para experimentar.

E hoje, eu recebi um email dizendo que o Eau de Shalimar está em promoção na Sacks. É uma releitura do Shalimar de 1925, que ainda vende, mas todo mundo acha que é antiquado demais. Talvez a versão moderna seja mais conveniente, não sei. 

Só pelo esporte, vou acabar experimentando os dois e  como dinheiro tem limite, é provável que eu não compre, mas a vontade de ter um perfume daqueles que todo mundo acha forte demais permanece.

A Jurista

É difícil conciliar o que se quer ser com o que se é. As pessoas com as quais eu convivo mais me incomodam justamente por causa disso, queria eu ser a artista, mas sou a jurista. Queria me inteirar dos assuntos, da nouvelle vague, dos movimentos artísticos da década de 60, mas toda vez me parece estranho. Eu percebi que não é a minha.

Pensar se a liberdade sexual é um problema de igualdade ou de liberdade me move muito mais.  Pensar sobre a vinculação de particulares à direitos fundamentais me move muito mais. É nove e meia da noite e eu quero estudar direito.

Parece, meus amigos, que eu to justamente onde deveria estar.

Metafora médica

Todo mundo ja teve ter visto uma cena como essa: o paciente na mesa de cirurgia e os médicos em volta tentando todas técnicas de reanimação.

Eu to me setindo como um dos médicos que percebe que o paciente está agonizando e começa o protocolo de reanimação. E tenta massagem cardíaca, adrenalina, desfibrilador, tudo pra manter o paciente estável. Só que uma hora não dá mais, você olha para o relógio e fala alto a hora pra constar no obituário a hora da morte.

E apesar de triste por não poder reverter o quadro, você sabe que tentou o que era possível. Aí que a metáfora acaba.

Pode parecer maldade, mas se eu tentei de tudo é pra agora poder lavar as mãos sem maiores problemas de consciência. É mais para poder dizer a culpa não é minha.

É poder se resignar, não há mais nada a ser feito. Eu posso esquecer o problema em paz.

Filiz

Epifanias podem estragar o seu dia ou podem te mostrar o que estava na sua cara o tempo todo. Eu, numa tarde qualquer, me dei conta que eu tenho tudo. Esse ano está correndo tão rápido que eu nem me dei conta de que eu tenho o que quis durante todo o ano passado.

Dá um certo receio de se declarar feliz, mas pensando melhor, eu não sei quanto tempo isso vai durar. Meus pudores foram embora, por que eu lembrei de uma frase que um velho amigo dos meus pais sempre dizia: "aproveite os bons momentos que os maus não faltarão".

Então que se foda: eu to feliz e to orgulhosa de mim mesma.

Sabe aquela sensação de ter ganho uma batalha? Eu to assim. Eu matei meu monstrinho, e toda vez que eu penso nisso eu choro de felicidade. Isso não tem preço, chorar de felicidade simplesmente não tem preço.

O filme que é ruim, mas é bom

A gente tem a tendência intelectual de vincunlar-se apenas aos filmes de bons diretores, com um bom elenco, daqueles que concorrem ao Oscar, vai a Cannes e etc. Existem também os filmes ruins mas que por algum motivo, fazem muito sentido na sua vida.

Conversando com um amigo muito querido, ele me falou pra ver um filme por que no final das contas ele possuia uma mensagem bonita. E realmente tem. Foi uma mensagem tão pertinente, que só uma pessoa sensível como Gu poderia me dar.

Enfim, o nome do filme é Três formas de amar, em inglês, Threesome. Sugestivo, né? mas não pensem besteira, o que me chamou atenção foi como o filme trata de amizades, e como amigos podem ser profundamente importantes, e principalmente o final do filme, mas eu não poderia colocar aqui, por que seria spoiler.

Então, o filme é obscuro, e em algum momento ele vai te irritar por é muito anos 90, mas no fim das contas, mesmo com os "como assim?!" que ele deixa, é um filme legal.